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ENDODONTIA MODERNA OBJETIVANDO RESULTADOS CLÍNICOS

ENDODONTIA MODERNA OBJETIVANDO RESULTADOS CLÍNICOS
EEC

quinta-feira, 16 de abril de 2009

REGENERAÇÃO PULPAR - Prof. Dr. Alexandre Augusto Zaia

Regeneração Pulpar – Uma visão de um futuro próximo

A possibilidade de conseguir a regeneração total de um órgão perdido por um novo, com suas funções biológicas restauradas e atuando de forma correta é vista como uma realidade não muito distante na medicina. Regeneração tecidual pode ser definida como a reposição das funções biológicas de um determinado tecido ou órgão após serem danificados por necrose, doenças, traumatismos, etc. Atualmente essa regeneração tecidual tem sido alcançada na medicina com o emprego de células troncos (“Stem cells”), fatores bioquímicos e engenharia genética. Os princípios das terapias regenerativas também podem ser aplicados na endodontia. Para isso, estudos vêm sendo conduzidos em pesquisas sobre células tronco adultas, fatores de crescimento, culturas de células e tecidos, engenharia genética, etc. Resultados dos estudos atuais têm demonstrado que a associação desses fatores são mais promissores que o empregos desse fatores isoladamente.
Células adultas com potencial em se diferenciar em outras são classificadas como células multipotentes e podem ser encontradas no cordão umbilical, bem como na polpa dental. A presença dessas células indiferenciadas no tecido pulpar é bastante conhecida. Algumas dessas células podem substituir odontoblastos durante processos de reparo do tecido pulpar. Odontoblastos são células terminais, sem capacidade de se dividir. Portanto, sua substituição ocorre pela diferenciação de outras células em odontoblastos. A presença dessas células indiferenciadas na polpa parece ocorrer durante toda a vida do paciente, pois mesmo pacientes idosos apresentam potencial de reposição das células odontoblasticas.
Casos de revascularização do sistema de canais necrosados têm sido relatados na literatura Essa revascularização está associada principalmente a dentes com rizogênese incompleta ou em casos de sobreinstrumentação e ampliação do forame apical, fazendo com que o sangue penetre no sistema de canais e se organize em um coágulo. Uma das grandes dificuldades em se conseguir sucesso nesse procedimento é o controle efetivo da contaminação de microorganismos do sistema de canais. Portanto, um importante aspecto para alcançar essa revascularização é o emprego de solução antisséptica irrigadora (NaOCl ou Clorexidina) e soluções curativas associadas a antibióticos e antifúngicos.
Tentativas de injetar células troncos (totipotentes ou pluripotentes) no interior do sistema de canais descontaminados apresentam-se também como uma possível alternativa para recriar o tecido pulpar. Para isso é importante que o forame apical esteja ampliado para permitir o contato dessas células com tecido vascularizado. Apesar de parecer um procedimento simples, existe um grande obstáculo nessa técnica que é a dificuldade em orientar a diferenciação dessas células em células maduras de um tecido pulpar (odontoblastos, células nervosas, células endodonteliais, fibroblastos) e não células de outros tecidos (osso, cartilagem, derme, etc).
Engenharia genética também se apresenta como uma possível via de estudo para se alcançar uma reparação tecidual da polpa dental. Entretanto, poucos estudos têm sido conduzindo nesse sentido até o momento devido a dificuldade em se tratar próprias células da polpa, uma vez que elas já estão mortas e o risco de promover alterações células que possam comprometer a saúde do indivíduo.
A compreensão e controle dos mecanismos para o desenvolvimento de uma regeneração pulpar parece não estar tão distantes dos dias atuais. Vários laboratórios de pesquisa importante no mundo todo têm voltado suas atenções para esse assunto. As principais revista de pesquisa da área endodôntica tem convocado os pesquisadores a enviarem trabalhos sobre esse assunto, agencias de fomento tem investido para o desenvolvimento nesse tipo de pesquisa, de modo que podemos ter certeza que a regeneração pulpar é uma terapia endodôntica inevitável num futuro não muito distante.

Prof. Dr. Alexandre A. Zaia
Responsável pela Área de Endodontia
FOP-UNICAMP

4 comentários:

  1. Grande Zaia,

    Parabéns pelas palavras que demonstram seu conhecimento na área e tornam a leitura obrigatória. Somente fico em dúvida se a regeneração pulpar acontecerá em 5 anos. Acho que irá demorar mais... O tempo dirá quem está certo, não é mesmo? Obrigado por todo apoio a nossa Equipe. Grande abraço, Carlos Bueno

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  2. Parabêns pela matéria,gostaria muito de fazer meu TCC relacionado a esse assunto,vocês teriam mais referencias bibliografica para me indicar.

    Att Alessandra

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    Respostas
    1. Eu li um artigo no Journal of Endodontics (não lembro qual o número).

      Regenerative Endodontic Treatment of Permanent
      Teeth after Completion of Root Development:
      A Report of 2 Cases

      Khimiya Paryani, DDS, and Sahng G. Kim, DDS, MS

      Posso enviá-lo em PDF basta me mandar um email que respondo.

      Parabéns à todos pelo blog.

      Felipe Lorenzoni
      (felipe-lorenzoni@hotmail.com)

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  3. Boa tarde!
    Poderia me enviar o artigo por email, ppaulafranco@hotmail.com ...obrigada

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Comentários